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[seul-edu] Fw: Governo expulsa PC popular das escolas (fwd)
On Wed, 22 Aug 2001, owner-seul-edu@seul.org wrote:
> From: Roberto Jung Drebes <drebes@inf.ufrgs.br>
> To: seul-edu@seul.org
> Subject: Governo expulsa PC popular das escolas (fwd)
>
>
> Hi,
>
> This is an article that is being exchanged by email on the
> internet in
> Brazil. Altough it is in portuguese, it may be usefull if you
> use some
> kind of translator. It is called something like "Government
> denies popular
> PCs in brazilian schools", and it is about how government, in
> it's
> proposal to fill in brazilian schools with computers, choosed
> not to adopt
> a cheap linux based computer developed by researchers at the
> Univerisity
> of Minas Gerais, using instead machines with Windows Me, and
> how that is a
> bad idea.
>
> If anyone wants more details, please write. I can give you
> some URLs if
> you want.
>
> --
> Roberto Jung Drebes <drebes@inf.ufrgs.br>
> Porto Alegre, RS - Brasil
> http://www.inf.ufrgs.br/~drebes/
>
> ---------- Forwarded message ----------
> Date: Wed, 22 Aug 2001 12:10:29 -0300
> From: Charles Pilger <charles@pilger.net>
> Reply-To: linux-poa@yahoogroups.com
> To: linux-poa@yahoogroups.com, palindromo@lyris.cesar.org.br,
> seis-l@yahoogroups.com
> Subject: [linux-poa] Governo expulsa PC popular das escolas
>
> Governo expulsa PC popular das escolas
> http://abranches.no.com.br
>
> No próximo dia 31, o governo vai expulsar o “computador
> popular” das
> escolas públicas de ensino médio do país. Concebido para
> combater o
> risco de exclusão digital em nosso país e recebido com
> entusiasmo pelo
> presidente Fernando Henrique, o projeto será vítima de uma
> ação conjunta
> do MEC e da Anatel.
>
> O edital de licitação para os equipamentos que farão parte do
> “projeto
> de universalização de serviços de telecomunicações em escolas
> públicas
> de ensino médio e profissionalizante”, com recursos do Fust (o
> Fundo de
> Universalização dos Serviços de Telecomunicações), já contém
> os
> elementos dessa expulsão. Ao indicar os equipamentos, o edital
> os divide
> em três grupos, A, B e C. Para os tipos A e B, os “nobres”,
> especifica
> como único sistema operacional admissível o Windows ME. Para
> os de tipo
> C, o “plebeu” os sistemas operacionais Linux ou Windows CE.
>
> É assim que uma boa idéia pode ser desvirtuada pela submissão
> a visões
> parciais e preconceitos. Provavelmente, nem os da “classe C”
> serão
> adotados com a linguagem Linux, para não haver
> incompatibilidade entre
> softwares e a opção preferencial pode ser o Windows CE.
>
> Não sou especialista na área, nem estou entre os que vêm mais
> do que
> erro e tibieza na decisão governamental. Mas também não me
> incluo entre
> os analfabetos digitais. Estou convencido de que, ao dar o
> monopólio da
> parte mais importante do programa à Microsoft, o governo está
> optando
> por um caminho mais caro – a economia em licenças permitiria
> aumentar o
> número de máquinas por escola ou a quantidade de escolas
> “informatizadas” – e mais pobre do ponto de vista pedagógico,
> científico
> e tecnológico.
>
> PC popular da Índia pode sair antes
> Os PC’s populares são mais baratos porque estão montados em
> plataforma
> Linux. Além de eliminarem o custo de licenciamento de software
> – o Linux
> e os aplicativos básicos que rodam nele são gratuitos – podem
> ser mais
> simples por causa da flexibilidade do sistema operacional e da
> sua
> facilidade para operar em rede.
>
> Existem alternativas já funcionando, que permitem substituir,
> sem
> qualquer desvantagem técnica, mas com economia de recursos
> financeiros,
> as “estações de trabalho pessoal monoprocessadas”, por
> estações de
> trabalho pessoal, plenamente funcionais, porém operadas em
> rede, por
> boot remoto. Cada terminal pode prescindir de HD e ligar
> acionando o
> servidor de rede. Isto reduz significativamente os custos, sem
> perda
> significativa de funcionalidade ou privacidade. Podem ficar
> ligados 24
> horas à internet, por meio de um switch, facilitando a
> interconectividade.
>
> Sem perda de qualidade, as escolas poderiam ser mais bem
> servidas por
> configurações mais econômicas, cumprindo as mesmas funções
> daquelas
> baseadas em Windows. A economia realizada permitira colocar
> mais
> computadores nas escolas ou adicionar mais escolas ao
> programa.
>
> Não é por acaso – talvez seja por descaso – que a Índia passou
> à nossa
> frente no desenvolvimento do computador popular, com o seu
> Simputer, que
> deve ser lançado em novembro. O Ministério da Ciência e
> Tecnologia de
> Portugal, pelo que fui informado, firmou recentemente convênio
> com a
> Índia para utilização do Simputer no programa português de
> computadores
> de baixo custo.
>
> Edital direcionado impede a concorrência
> Bastaria deixar que o processo competitivo determinasse, com
> equanimidade de regras, que soluções atenderiam – e a que
> custo – às
> funções operacionais e computacionais consideradas necessárias
> ao
> programa. Para que trabalhar com carta marcada, se é possível
> determinar
> a melhor solução à luz da informação que seria trazida nas
> ofertas à
> licitação? Porque não permitir que a contestabilidade
> recíproca
> definisse os vencedores?
>
> Hoje, tudo o que o edital e suas escolhas prévias produziram é
> controvérsia. Conseguiu desagrada a uma parte ativa da
> comunidade
> científica, gerar desconfiança sobre as “intenções por trás do
> edital”,
> hipóteses conspiratórias lesivas à imagem do programa e do
> governo. No
> dia 31 de agosto, se o governo tivesse aberto seu programa à
> concorrência real, as escolhas poderiam ser transparentes,
> baseadas na
> comparação entre propostas concretas, demonstráveis, portanto,
> tecnicamente isentas e de acordo com regras justas.
>
> Se o objetivo é “universalizar os serviços de telecomunicações
> nas
> escolas”, não haveria razão alguma para excluir as soluções
> Linux da
> parte central do programa. Este sistema operacional é mais
> eficiente
> como suporte para redes e tem capacidade similar para
> navegação na
> internet, onde passamos por incontáveis sites em Linux, sem
> saber.
>
> Solução inibe inovação
> Mas não é só o computador popular, excluído das escolas, que o
> governo
> atinge com essa escolha unilateral. Ele fere fundo iniciativas
> de
> desenvolvimento de tecnologias na plataforma Linux, todas
> muito
> criativas e que representam efetiva absorção de conhecimento.
> Cria
> desincentivos ao invés de incentivos. Desarticular ações, que
> deveriam
> ser integradas: não faz sentido compartimentar o que se faz no
> âmbito do
> Fust – que tem profundas implicações científicas e
> tecnológicas para o
> país – e as ações de desenvolvimento científico e tecnológico
> em
> computação e gestão de informação.
>
> Recentemente, visitei um laboratório emergente de ciência da
> computação
> e pude ver a energia criadora que o programa aberto gera nos
> estudantes
> e professores. Capazes de usar os códigos fonte para
> desenvolver novas
> rotinas ou aperfeiçoar as existentes, para criar novos
> aplicativos,
> tornam-se produtores de tecnologia. Seus desenvolvimentos são
> colocados
> nas páginas dedicadas ao Linux na Web, para acesso geral. E
> eles vêem
> seus programas aparecerem no ranking de downloads, à medida
> que outras
> pessoas baixam suas criações para usá-las, testá-las ou
> aperfeiçoá-las.
>
> Tenho certeza de que se o presidente Fernando Henrique tivesse
> visitado
> um desses centros de soluções tecnológicas avançadas que
> utilizam o
> Linux, não teria permitido a exclusão dessa numerosa,
> crescente e
> criativa comunidade de um dos programas mais importantes de
> seu governo.
> Nem teria, talvez, achado tão espetacular a oferta de Steve
> Ballmer de
> dar acesso a algumas universidades brasileiras ao código fonte
> do
> Windows. Fala-se muito, na imprensa especializada, que a
> Microsoft está
> ficando mais aberta com o Windows, porque estaria prestes a
> abandoná-lo
> para avançar na direção de um sistema operacional orientado
> para a Web.
>
> Todos operam na lógica de mercado
> Quem me lê sabe que não sou nacionalista, nem conspiratório.
> Não vejo em
> tudo o “Consenso de Washington”, nem o braço do imperialismo,
> nem a
> ameaça neoliberal, nem a hegemonia do Grande Irmão do Norte.
> Sou avesso
> a protecionismos e não estou entre os que consideram a empresa
> estrangeira um agressor de nossa soberania. Mas também não sou
> ingênuo.
> Nunca ouvi dizer que a Microsoft abra seu programa
> operacional, sem
> condicionalidades, dando a quem tem acesso a seu código fonte
> a mesma
> liberdade de criação e uso do produto de sua inventividade que
> o Linux
> oferece.
>
> Também não acho que a comunidade Linux seja composta apenas
> por
> filantropos e socialistas sem interesse comercial. O Linux dá
> sustentação a uma ampla gama de prestadores de serviços e
> empresas de
> aplicativos especializados. A vantagem é que quem desenvolve
> programas
> nessa plataforma só se torna proprietário na ponta, no
> aplicativo final.
> Na base, ele é aberto e permite, portanto, a qualquer um
> usá-lo para
> criar livremente suas próprias soluções e oferecê-las ao
> mercado da
> forma que eleger.
>
> Brasil é parte de uma guerra comercial
> Está em curso, porém, uma guerra por mercado entre a Microsoft
> e aqueles
> que optaram pelo Linux. E o Brasil é campo de uma das mais
> críticas
> batalhas, por causa do tamanho de seu mercado e pelo seu
> potencial de
> crescimento. Talvez o presidente e os ministros Pimenta da
> Veiga e Paulo
> Renato não soubessem disso. Talvez não soubessem, também, que
> mais de
> 60% dos servidores Web do mundo usam o sistema Linux/Unix,
> segundo
> mostra a Netcraft, contra 30% para a Microsoft. Se soubessem,
> talvez
> patrocinassem um edital mais aberto, para um programa mais
> democrático e
> mais propiciador do espírito de criação científica e
> tecnológica de que
> tanto precisamos.
>
> A IDC, empresa especializada em tendências em tecnologia da
> informação,
> projetou o crescimento do Linux em 28% ao ano, fazendo com que
> se torne
> o mais usado sistema operacional do mundo por volta de 2005.
> Isto sem
> contar downloads gratuitos na Internet. No Brasil, a
> principal
> distribuidora de Linux, distribuiu ano passado mais de um
> milhão de
> cópias de sua versão desse sistema operacional. Em 97, havia
> distribuído
> três mil cópias. Esse enorme salto a transformou em um dos
> cinco maiores
> distribuidores de Linux do mundo.
>
> O próprio Steve Balmer, reconheceu recentemente que o Linux é
> a maior
> ameaça que a Microsoft enfrenta hoje, causando grande comoção
> na
> comunidade. Essa declaração tem sido contraposta à opinião do
> responsável pelo Windows na Microsoft, Jim Allchin, de que o
> software
> aberto pode matar a inovação. Não foi o que observei nos
> laboratórios de
> computação, mobilizados e entusiasmados com as possibilidades
> de criação
> e inovação que o Linux abre para eles e que não são
> propiciadas por
> outros sistemas operacionais, especialmente pelo Windows.
> Allchin apela
> até para o argumento nacionalista “sou um americano e acredito
> no
> American Way”, ele disse à Bloomberg, “e fico preocupado se o
> governo
> encoraja o código fonte aberto”. Falando assim, só pode
> estimular um
> conflito ideológico, por cima da guerra comercial. Não faz
> sentido.
>
> Sérgio Abranches é cientista político.
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